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ESTRATÉGIA E ASSERTIVIDADE SÃO TRAÇOS MARCANTES DO ENTREVISTADO DESTA SEMANA

A coluna desta semana conversou com  o gerente geral de uma agroindústrias pioneira na suinocultura de alta performasse mo país,  Roberto Magnabosco é engenheiro agrônomo, graduado pela Universidade Federal da Viçosa, pós-graduado em Gestão Empresarial pela Faculdade de Ciências Econômicas de Divinópolis o e em  Gestão em Agronegócios pela Fundação Getúlio Vargas – FGV/IBRE.
ASEMG: Como  você iniciou começou na suinocultura?
Roberto: Durante o curso de graduação em Agronomia me identifiquei muito com o setor. Tentei com bastante insistência efetuar um trabalho de iniciação científica dentro da área de suinocultura. Fiz um pré-projeto e procurei professor da Universidade Federal de Viçosa que tivesse interesse em me orientar, encontrei o Professor Paulo Melgaço de Assunção Costa que se posicionou com muito entusiasmo ao ver a proposta de trabalho. Montamos o protocolo do trabalho e conseguimos uma bolsa de iniciação científica com apoio do CNPq. Este trabalho consistia em apurar índices zootécnicos em cinco granjas na micro região de Viçosa. Até aquele momento não existia dados de desempenho na suinocultura, pois não havia instrumentos e motivação para os produtores apurar seus dados. Agradeço muito o apoio que tive do professor Paulo Melgaço. Formei em agronomia, fui aprovado para o mestrado em economia rural com enfase em suinocultura, fiz todos os créditos, tranquei o curso para trabalhar na Emater como supervisor de uma área no município de Miradouro-MG. Daí fui chamado para trabalhar na Arapé e desenvolver um projeto de suinocultura de alta escala, para a época. Começamos com 360 matrizes. Este projeto foi reprovado por uma empresa de genética importante na época (hoje não mais existente no mercado) por considerar de alto risco em função do tamanho da unidade. Da mesma forma que fomos reprovado por esta empresa, encontramos o caminho aberto em parceria com Agroceres. Daí para frente todos conhecem. Assim, começamos nossa vida dentro do setor suinícola.

Roberto durante entrevista para o programa Globo Rural

Roberto: Inicialmente era motivação familiar, emocional. Havia uma festança quando reuníamos a família para matar um “porco”. Os homens da família matavam um porco enorme, sapecavam e destrinchavam tiravam as partes de carne e banha. Daí para frente as mulheres entravam no jogo, faziam torresmo, sabão de banha, carne na lata (na banha) e outros. Os meninos brincavam e comiam, no final era só festa italiana.Posteriormente, como estudante de Agronomia havia oportunidade, na grade do curso daquela época, optar por matérias dentro da zootecnia. Eu entendia que a suinocultura iria desenvolver muito no Brasil, pois era rudimentar, vista como incorporadora de renda familiar e totalmente carente de tecnologia, via uma oportunidade profissional muito grande, com potencial para crescimento empresarial. Foi com esta visão que propus um trabalho de iniciação científica quando estudante, para checar a realidade do negócio, com números reais. Encarei daí para frente, pois acreditava no setor. Assim, posteriormente, deixei um bom emprego (Emater-MG), considerado sem risco para encarar uma realidade totalmente de risco. Pois, começaria um projeto de suinocultura numa empresa pequena, iniciando sua vida no agronegócio. O risco era muito grande por ser uma empresa iniciando no agronegócio, iniciando na suinocultura e ainda, com um projeto de grandeza arriscada. Considero-me muito feliz por ter encarado tudo isto e ter realizado profissionalmente tudo aquilo que entendia ser futuro promissor.
ASEMG: Em sua opinião, quais os grandes gargalos do setor?
Roberto: Falta profissionalização em todos os elos da cadeia, principalmente considerando a suinocultura mineira:- Institucional (ambiente): Os setores federais, estaduais e municipais ligados ao meio ambiente precisam entender que o negócio suinocultura pode, perfeitamente, conviver com questões ambientais em sinergia, produzindo suínos e respeitando a essência de conservação do meio ambiente. Estes setores não podem mentalizar ações apenas punitiva. Se existe falhas, vamos corrigir de forma técnica e profissional. Não apenas punir e às vezes por razões insignificantes e outras vezes apenas no sentido de arrecadação.- Institucional (sanidade): Precisamos de investir muito em biossegurança. Há necessidade de minimizar a introdução de agentes que poderão comprometer técnica e economicamente o plantel de milhares de matrizes e sua produção existentes no país. Estes setores precisam exigir e fiscalizar não somente as empresas mais tecnificadas, mas também as criações de “fundo de quintal”, pois será importante para o país e importante na mesma intensidade ou mais ainda, para o próprio produtor familiar (educativa e produtivamente).- Agentes financeiros: conhecer o setor de suinocultura técnica e economicamente, no sentido de facilitar as ações para tomada de crédito. Não há entendimento dos setores de crédito sobre a importância direta e indireta da produção de suínos para o país e para as regiões produtivas.- Produção: Há gargalos relacionados a aspectos construtivos. Estamos longe da avicultura. Neste setor há uma grande padronização das construções, facilitando a produção de equipamentos e diminuindo o custo de investimento. Isto provoca um custo fixo menor, custo humano menor e assim, gerando uma recuperação mais rápida do investimento. Há gargalos diversos da “porteira para dentro”: sanitários, produtividade das pessoas, dietas  x  genética, ambiência e outros. Indústrias: Muito pressionada pelo varejo, dificuldade de margem buscando resolver seus problemas sempre no elo da cadeia de trás (produção) e nunca no elo da frente (varejo). Baixa capacidade de investimento e assim, não evoluindo de forma a permitir que toda a cadeia evolua junto. As negociações não são alavancadas por informações na maioria das vezes e sim por questões emocionais. Há necessidade de tecnificação intensa das indústrias mineiras.- Varejo: Dificuldade em colocar a carne suína com maior exposição nas gôndolas. Há uma barreira cultural na sociedade que vem de décadas passadas e ainda não recuperada de forma a alavancar o consumo desta proteína tão sadia e saborosa. O varejo precisa trabalhar mais nosso produto, pois será importante para o varejo (resultado econômico), para os produtores (maior intensidade de venda e preço) e para o consumidor que estará adquirindo um excelente produto com alto com resultado positivo no orçamento familiar e na saúde das pessoas.



O entrevistado em granja



ASEMG: E quais as fortalezas do setor ?
Roberto: Potencial de crescimento com aumento de consumo no mercado interno em função: do  baixo consumo per capta,  aumento de renda das pessoas ao longos dos anos, melhoria na apresentação da carne suína no varejo e maior número de cortes com facilidade para uma cozinha rápida, quebra do mito sobre qualidade de nossos produtos.Potencial de crescimento para exportações em função: atingir mercados que ainda não vendemos, migração das pessoas para o setor urbano, principalmente em países asiáticos,  competitividade em qualidade e preço com mercado internacional, quebra de barreiras sanitárias.
ASEMG: Em que você poder ajudar no desenvolvimento do setor ?
Roberto: Aumentar a profissionalização de minha equipe, sempre pensando: “estou trabalhando para produzir proteína animal suína para consumo na mesa de milhares de pessoas” e nunca pensar que estou trabalhando para produzir suíno e muito menos produzir porco. Melhorar as questões comerciais com as indústrias. Enxergo que somos parceiros e não, simplesmente, competidores. Se vendermos a ideia de pura competição para os produtores e depois vamos na indústria e vendemos a mesma ideia, ou seja, de apenas competição, haverá “porrada”, buscar ser ético na produção com pensamento ambiental, conforto animal, sanidade e qualidade do produto entregue na indústria, divulgar com intensidade as qualidades da carne suína para técnicos de outras áreas, profissionais de outros setores, amigos e para todas as pessoas de meu contato, trabalhar para fortalecer nossa Associação de Classe (ASEMG).
ASEMG: Como você enxerga a suinocultura nos próximos 5 anos?



Roberto prestigiando evento agropecuário



Roberto: Vejo a carne suína de forma altamente competitiva dentro e fora do país, competição por consumo entre as opções proteicas crescente ao longo dos anos, necessidade de profissionalização das pessoas operativas, exigência dos investidores crescente em busca de resultado econômico satisfatório, consumidores atentos aos controles sanitários dentro da produção, exigência ambiental crescente e desregulada, burocracia em alta, custos crescentes pressionando as margens, possibilidade e espaço para crescimento do consumo per capta dentro e fora do país, aumento das exportações, necessidade de inovações tecnológicas.
Fonte: Assessoria de Comunicação ASEMG