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EU AMO A SUINOCULTURA – PROFª SIMONE KOPROWSKI GARCIA

A ASEMG dá continuidade a coluna Eu Amo A Suinocultura conversando com uma das sumidades do setor, a Professora Simone Koprowiski Garcia, médica Veterinária, especialista em Suinocultura, Mestre e Doutora em Zootecnia.  Nascida em São Paulo, na capital, o gosto pela vida e pelas atividades rurais veio com as férias na fazenda dos avós. ” onde vi “meu 1° porco”: um tipo Caruncho!” contou. Ainda adolescente, optou pelo Colégio Agrícola no interior, o que acabou definindo sua carreira,  já que  lá só havia criação de frangos e de suínos.”Escolhi suínos. Lembro que minha turma teve treinamento para identificar a Peste Suína Africana, que havia sido diagnosticada no país em 1978″ lembrou a professora.

ASEMG:  Como  e por que a senhora iniciou começou na suinocultura?
Profª Simone: Com a experiência do Colégio Agrícola  optei pela Medicina Veterinária, que cursei na UF do Paraná, em Curitiba. No final do curso, por sugestão do Prof. Alceu Bertolin, fui para a EMBRAPA Suínos e Aves, em Concórdia (SC), fazer um aperfeiçoamento em reprodução suína. Foi um período de intenso aprendizado, uma oportunidade que aproveitei ao máximo!A Pesquisadora Dra Isabel Scheid foi quem me recomendou para o Mestrado na Escola de Veterinária da UFMG, que fiz sob a orientação do saudoso Prof. Antônio Stockler Barbosa. Ele mantinha um núcleo de conservação de raças suínas brasileiras na Fazenda Experimental, em Igarapé (MG), onde estudei os varrões da raça Piau. Mas eu também tinha interesse no levantamento de dados sobre a suinocultura mineira que a EMATER-MG estava fazendo (a duras penas, pois não havia os recursos de informática e as informações eram desatualizadas, dispersas e até mesmo pouco confiáveis).
Paralelamente, fiz Especialização em Produção e Sanidade Suína, promovido pela UFPR e ABRAVES, que ampliou minha rede de relacionamentos profissionais em todo o país. Em 1991, ingressei na EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) e trabalhei por dois anos na Zona da Mata, nas cidades de Viçosa e Ponte Nova. Lá, refinei o panorama da suinocultura na região, entrevistando 60% dos produtores com um enorme questionário, aplicado em parceira com a EMATER-MG. Mas, em 1993, a UFMG abriu concurso para docente na área de suinocultura, no qual fui aprovada. Sempre achei que seria professora um dia (embora não tão cedo…) e acho que escolhi certo. Assumi o projeto do Prof. Stockler, que logo me aconselhou a fazer o Doutorado. Assim, voltei à Viçosa, na UFV, e, sob orientação do Prof. Aloísio S. Ferreira, estudei aspectos técnicos e econômicos do SISCAL em Minas Gerais (Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre), que a EMBRAPA estava promovendo na época com o apelo de menor custo de implantação. Assim, me envolvi com Economia Rural, modelagem de sistemas, Ambiência, Bioclimatologia e com o Bem-estar Animal (BEA).
Em 2001, pouca gente falava sobre BEA no Brasil, de modo que voltei para a UFMG com novos parceiros, o IMA e a ASEMG, para estudar os dados da suinocultura coletados como parte do Programa Nacional de Sanidade Suídea no estado, projeto que ainda está ativo. Paralelamente, fiz cursos na área de BEA que culminaram, em 2011, com um Pós-Doutorado de um ano na Espanha. A Escola de Veterinária da UFMG inseriu esta disciplina no novo currículo em 2014 e considero que o Brasil ainda está em fase de formação de massa crítica sobre este importante tema. Em dezembro, vou participar do 4° Congresso Global da OIE sobre Bem-estar Animal, no México.
ASEMG: Em sua opinião quais os maiores gargalos e fortalezas da suinocultura?
Profª Simone: A gente tem sempre que pensar no setor produtivo como um dos elos da cadeia da Suinocultura – então, temos um gargalo antes da granja, que está no custo dos insumos alimentares que são commodities (milho e soja) e um gargalo depois da granja, que é a grande concentração de poder nos setores de transformação (agroindústrias) e de varejo (supermercados), o que limita a negociação na cadeia produtiva. Dentro das granjas, acho que o gargalo ainda está na gestão ineficiente de recursos, processos e de pessoas, principalmente.
Mas, claro, a Suinocultura mineira não teria o status que tem hoje se não tivesse também pontos fortes. Por exemplo, e sem demagogia, a forte organização e representação efetiva das associações dos suinocultores em todas as instâncias! Se a gente pensar que a ASEMG nasceu para fazer o Registro Genealógico de suínos e hoje promove a carne suína, reivindica mudanças tributárias e fiscais, negocia em alto nível (de informação) o preço de seu produto, faz e conserva parcerias multi-institucionais na defesa de seus interesses, dá um exemplo de gestão de qualidade, etc., é muito admirável. Sobretudo porque, em Minas,predominam os suinocultores independentes, não integrados às agroindústrias, ao contrário dos demais estados grandes produtores do Sul e do Centro-Oeste.
ASEMG: A senhora conduz um trabalho de coleta de análise de dados que é primordial para que possamos conhecer o andamento da suinocultura em Minas, quais as maiores dificuldades deste trabalho? O que poderia ser feito para que o mesmo torne-se menos difícil?
Profª Simone: A parceria entre a UFMG, o IMA e a ASEMG neste projeto começou em 2001, quando me propus analisar os dados do cadastro de granjas suínas comerciais atualizado anualmente pelo IMA como parte do Programa Nacional de Sanidade Suídea no Estado. Em 2015, foram visitadas 1.345 granjas em 37% dos municípios, com 279.574 matrizes e 2.703.901 suínos no total. A Dra. Júnia Gonçalves, do IMA, aprofundou as análises e defendeu recentemente sua Tese na Escola de Veterinária da UFMG identificando riscos epidemiológicos. A maior dificuldade deste projeto sempre foi juntar os dados coletados em diversas bases em um só sistema, mas o IMA vem progredindo nisso com o novo SIDAGRO. Outro aspecto é, talvez, nossa falha em divulgar apropriadamente os resultados deste trabalho ao longo do tempo, evitando a progressão dos problemas detectados – por exemplo, a proporção de matrizes em granjas classificadas como Bem Protegidas passou de 60% para 30% em 10 anos. Isso indica maior vulnerabilidade das granjas, ou seja, falhas na biosseguridade. Embora tenhamos apresentado este (mau) resultado em 2012, a situação persiste. Acho que este, sim, é um tema do futuro que temos que começar a tratar já.
ASEMG: Em que a senhora poderia ajudar no desenvolvimento do setor ?
Profª Simone: Considero que a formação de profissionais Médicos Veterinários na UFMG é minha mais importante contribuição para o desenvolvimento do Setor. Apesar da Escola de Veterinária ser muito “urbana”, o Departamento de Zootecnia tem forte expressão na formação dos alunos de graduação e de pós-graduação. Estimo que 5 a 7% dos alunos de cada turma acabam se interessando pela Suinocultura, ao menos para fazerem uma vivência curricular ou uma iniciação científica. Talvez 2% eventualmente vão mesmo se dedicar à Suinocultura, seja na área técnica ou comercial, que é uma importante via de ingresso no mercado de trabalho. Infelizmente, vejo poucos jovens que empreendem ao saírem da universidade, mas acho que isso tende a mudar – por exemplo, recentemente, nossos alunos reativaram a Empresa Júnior (VET Jr), já com um dos setores especialmente voltado para a Suinocultura!
ASEMG: Como a senhora enxerga a suinocultura nos próximos 5 anos?
Profª Simone: Não apostaria em grandes mudanças do panorama atual da suinocultura mineira. Primeiro, porque os efeitos da recessão econômica demoram a desaparecer, ainda que as perspectivas sejam boas – e os mineiros são sempre muito cautelosos na hora de investir. Se houver algum aumento importante das exportações de carne suína, creio que isso se refletirá mais rápido no Centro-Oeste do que em Minas Gerais. O consumo vem crescendo discretamente há 10 anos e isso não deve mudar. Apesar do recente reconhecimento internacional de Área Livre de PSC Sem Vacinação, as granjas comerciais têm negligenciado os protocolos de biosseguridade e acho possível (mas não provável) a ocorrência de algum problema sanitário, não tão devastador quanto a PRRS ou a PEDv, mas importante (como foi a Circovirose há alguns anos). Num prazo mais longo, espero que comecemos a ver mudanças de instalações e manejo, como baias coletivas para porcas em gestação, mesmo entre produtores independentes que não exportam – algumas recomendações técnicas de Bem-estar Animal são uma tendência real do nosso tempo e não será possível ignorá-las.
Fonte: Assessoria de Comunicação ASEMG (31) 2127-0360 l (31) 99150-0600

1) Mini currículo.  Pode ser algo resumido, pois  usaremos para fazer a introdução da entrevista.

2) Como  você iniciou começou na suinocultura?

3) Por que a escolha pelo mesmo?

4) Em sua opinião, quais os grandes gargalos do setor?

5) E quais as fortalezas do setor ?

6) A senhora conduz um trabalho de coleta de análise de dados que é primordial para que possamos conhecer o andamento da suinocultura em Minas, quais as maiores dificuldades deste trabalho?

7) O que poderia ser feito para que o mesmo torne-se menos difícil?

8) Em que você poder ajudar no desenvolvimento do setor ?

9) Como você enxerga a suinocultura nos próximos 5 anos?

10) Favor enviar uma foto de rosto para que possamos ilustrar nossa entrevista.