A coluna Eu Amo a Suinocultura desta semana conversou com uma pessoa que defende o segmento há muitos anos. Trata-se do médico veterinário, formado pela UFMG, em 1974, com especialização em Defesa Sanitária Animal, na França e pós-graduado em Negociação Agrícola Internacional na UNA/BH, ex diretor geral do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária) e atual Superintendente Técnico e da FAEMG ( (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), Dr. Altino Rodrigues Neto.
ASEMG: Como o senhor começou a atuação no agronegócio?
Dr. Altino: Iniciei minha carreira quando fiz concurso público para o estado, para trabalhar no Programa Nacional de Controle de Febre Aftosa e fui trabalhar em Boa Esperança, no Sul de Minas, onde fiquei por seis anos. Após esse período, voltei para Belo Horizonte, para trabalhar no escritório central do IMA.
ASEMG: Por que o senhor escolheu atuar nesse setor?
Dr. Altino: Sou de família de pequenos produtores. Vivi até os 15 anos na fazenda da minha família, em Muriaé. Tenho quatro irmãos que são engenheiros agrônomos, então, o meu ingresso no setor tem a ver com a minha vivência na infância, com a origem da minha família.
ASEMG: Em sua opinião, quais os grandes gargalos da suinocultura?
Dr. Altino: Na minha visão de sanitarista, vejo que o setor de suinocultura do estado é extremamente competente, de excepcional genética e com excelente forma de criação dos animais. Mesmo assim, o consumo de carne suína ainda está aquém da nossa capacidade produtiva.
ASEMG: Quais são os pontos fracos do setor?
Dr. Altino: Uma das fraquezas do setor é a falta de mecanismos que deem segurança aos suinocultores, como o fundo de defesa sanitária, porque o governo é lento para enfrentar esses tipos de problemas.
ASEMG: O senhor conduziu o IMA por muitos anos e é integrante da FAEMG. Isso significa que sempre trabalhou em prol do setor. Em sua opinião, quais as grandes dificuldades encontradas em ambos locais?
Dr. Altino: Tendo trabalhado no setor de defesa sanitária no IMA por longos anos, entendo que precisamos de ações rápidas para combater as doenças e os problemas sanitários, porque eles não esperam. No setor público há muita lentidão nas ações, por causa do excesso de burocracia. A FAEMG, por exemplo, tem ações mais rápidas. Mas uma das dificuldades comuns, tanto do setor público quanto do privado, é com relação às dimensões do Estado e as diversidades regionais que ele apresenta e nem sempre são consideradas no estabelecimento de normas e políticas de desenvolvimento do setor. Temos de pensar que o privado é sempre reflexo das normas públicas, por isso, precisamos de uma reforma no país, no que tange ao processo burocrático, que é fundamental para o desenvolvimento do setor produtivo.
ASEMG: Em que o senhor pode ajudar no desenvolvimento do setor?
Dr. Altino: Estamos envolvidos na criação de um fundo privado para dar tranquilidade ao produtor rural na parte sanitária. E a maior contribuição que podemos dar seria ajudar a constituir esse fundo para estarmos em igualdade com os outros estados brasileiros e não corrermos riscos sanitários em Minas Gerais.
ASEMG: Qual a sua visão sobre a suinocultura para os próximos cinco anos?
Dr. Altino: A demanda por alimentos vai aumentar cada vez mais em todo o mundo. Há muito espaço para o crescimento do consumo de carne suína tanto lá fora quanto no mercado interno. No Brasil, o consumo per capita de carne suína é muito abaixo do que ocorre na Europa e em outros países. Enquanto por lá são consumidos 40 kg/habitante/ano, no Brasil são apenas 15 kg. Isso indica que temos ainda muito campo para o crescimento do setor, mas ainda há alguns preconceitos em relação à carne suína, que precisam ser quebrados, para que consigamos elevar o consumo interno aos patamares de outros países.