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LEIA O ARTIGO SOBRE INFECÇÃO POR LAWSONIA INTRACELLULARIS .

Atentos aos prejuízos silenciosos



Em um contexto de produção altamente tecnificada, como é o caso da suinocultura, deixar de identificar situações de perda de produtividade do sistema não é uma opção. Deste modo, sabendo que a sanidade é decisiva para os retornos zootécnicos e econômicos da produção animal, é primordial que doenças que podem se manifestar de forma “silenciosa” ganhem atenção especial dos suinocultores.
Dentre estas doenças está a Ileíte, uma infecção intestinal causada pela bactéria Lawsonia intracellularis, a qual estíma-se que possa promover perdas entre USD 5,98 e USD 17,34 por suíno. A Ileíte pode se manifestar na sua forma clínica aguda, mas é mais comum nas suas formas crônica ou subclínica, cujos sinais de identificação são sutis. Por este motivo, é comum que a doença não seja observada ou até mesmo que seu impacto seja subestimado por muitos produtores de suínos.
Na infecção aguda, há sinais clínicos clássicos como a diarreia sanguinolenta, palidez e anorexia, facilmente identificados nos animais de terminação. Em contrapartida, sinais menos distintivos, como diarreia e a diminuição de consumo, são observados nas infecções crônicas, enquanto as infecções subclínicas estão presentes sem apresentação de sinais clínicos aparentes. Mesmo com suas divergências, todas as manifestações da Ileíte estão relacionadas a perdas significativas de desempenho zootécnico dos animais.
As principais perdas de desempenho são associadas à desuniformidade dos lotes, redução do ganho de peso diário (GPD) e piora da conversão alimentar (CA) dos animais. Grande parte do prejuízo causado pela doença vem do fato de que a Ileíte, seja ela aguda, crônica ou subclínica,  causa lesões nos intestinos dos suínos acometidos. Estas lesões são encontradas principalmente no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da absorção dos nutrientes, trazendo consequências negativas ao crescimento e desenvolvimento dos animais.
Em rebanhos positivos para a doença, outros prejuízos a campo encontrados são o aumento de mortalidade, do período de alojamento até o abate e da necessidade de intervenção com antibióticos. Dependendo da categoria animal afetada, o impacto pode ser maior, como é o caso da doença em matrizes, em que há aumento da mortalidade e efeitos negativos nos índices reprodutivos. É importante ressaltar que os prejuízos causados pela Ileíte também podem se estender além dos obtidos nas granjas. No frigorífico, podem haver condenações intestinais durante a inspeção, a depender do grau das lesões provocadas pelo agente. As condenações intestinais causam impacto negativo no frigorífico, pois produtos obtidos a partir do intestino desviado, como a mucosa intestinal e os envoltórios naturais, acabam sendo descartados em vez de seguirem a sua destinação comercial, causando prejuízos econômicos substanciais.
Perdas adicionais relacionadas à doença devem ser sempre consideradas, portanto precisamos nos manter atentos e cogitar outras possibilidades de perda ainda desconhecidas, principalmente no frigorífico, onde a influência da doença é pouco estudada. Pensando nisto, mesmo os intestinos não condenados durante a inspeção podem apresentar integridade comprometida, em virtude das lesões causadas por Lawsonia intracellularis. Vale ressaltar que, uma vez aprovados na inspeção, os intestinos com provável comprometimento de integridade, inclusive da camada intestinal utilizada como envoltório natural, seguem para o setor de triparia.
Diante dessa possibilidade, há a hipótese de que a bactéria também possa estar associada a prejuízos durante a obtenção e utilização de envoltórios naturais. Tripas frágeis ou com furos geram descartes de matéria prima, além de desperdícios como gastos com energia elétrica e com mão de obra devido a maior demora no processo de fabricação dos produtos embutidos.
Considerando as perdas provocadas pela Ileíte, em quaisquer de suas formas, é imprescindível que haja o controle eficiente da Lawsonia intracellularis nas granjas de suínos. Dentre os métodos de controle destacam-se os recursos curativos com antibioticoterapia, medidas de biosseguridade e por fim, o controle preventivo com a adoção de vacinação. A vacinação é o método mais eficaz e econômico no controle da Ileíte, além de contribuir para a redução do uso dos antimicrobianos. Porcilis® Ileitis (MSD Saúde Animal) é uma vacina inativada de dose única indicada como ferramenta impor­tante no controle da ileíte e na redução de colonização e excreção fecal bacteriana, que confere pelo menos 20 semanas de imunidade. Como resultado da vacinação, espera-se que a Porcilis® Ileitis seja capaz de mitigar os prejuízos à campo e possivelmente ao frigorífico, decorrentes da Ileíte causada pela Lawsonia intracellularis.
Portanto, conhecer profundamente os prejuízos, estar aberto a reconhecer  perdas ainda ignoradas e prevenir que estas perdas aconteçam, são estratégias importantes para manter além da saúde e bem-estar dos animais, a saúde dos seus negócios.
Escrito por:  Marina Lima; médica-veterinária e residente da MSD Saúde Animal.
Referências:
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KARUPPANNAN, A. K.; OPRIESSNIG, T. Lawsonia intracellularis: Revisiting the Disease Ecology and Control of This Fastidious Pathogen in Pigs. Frontiers in veterinary science, v. 5, p. 181, 2018. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30140680>. Acesso em: 14 jul. 2019.
LAWSON, G. H. K.; GEBHART, C. J. Proliferative Enteropathy. J. Comp. Path, v. 122, p. 77–100, 2000.